Em determinado momento de sua vida, Frédéric Chopin declarou que uma de suas maiores decepções era dominar apenas a composição para piano, enquanto via outros gênios da música explorando brilhantemente um leque maior de instrumentos. De fato, toda a obra do compositor polonês é destinada ao instrumento das oitenta e oito teclas. Porém, a importância que teve e tem Chopin para a história da música do século XIX ainda assim o faz figurar entre os compositores mais cultuados da história.
Fryderyk Franciszek Chopin (seu nome francês, Frédéric François Chopin, tornou-se mais popular entre os ouvintes) nasceu em uma aldeia do Ducado de Varsóvia, na Polônia, em 1810. Seu pai, Nicolas Chopin, era um carpinteiro francês, enquanto sua mãe, Justina Krzyzanowska, era pianista. Logo após seu nascimento, sua família mudou-se para a cidade de Varsóvia, para que Nicolas trabalhasse como professor de francês no Liceu.
Frédéric demonstrou interesse pela música desde cedo. Segundo relatos da família, enquanto sua mãe estudava ao cravo, o bebê Chopin escutava calma e atentamente, ao lado do cravo. Quando constataram que a criança tinha real vocação para a música, seus pais contrataram Adalberto Zywny, renomado professor de piano, considerado o melhor de Varsóvia. Frédéric tinha, então, seis anos de idade. Menos de um ano depois, Chopin já fazia frequentes apresentações para o vice-rei polonês. Aos oito, apresentou-se em público pela primeira vez, executando um concerto de Adalberto Gyrowetz. Com críticas positivas nos jornais de Varsóvia, foi o suficiente para que o pequeno e virtuoso Chopin se tornasse presença frequente nos salões da nobreza.
Aos dezesseis anos, Frédéric passou a frequentar o Conservatório, onde teve aulas com o compositor e regente Józef Elsner. Elsner defendia uma geração nacionalista de novos compositores poloneses, que explorassem as tradições, o folclore e a língua pátria. Tal determinação do profesor teve reflexos visíveis na obra de Chopin - as Polonaises, as Mazurkas, e várias outras obras do compositor são repletos de temas genuinamente poloneses. Algumas composições já começavam a ser publicadas e ter relativa repercussão dentro da Europa (até então, pouca, comparada à que tinha como virtuoso intérprete).
Os anos de conservatório foram de grande sucesso para o jovem compositor. Suas Variações sobre o tema de La ci Darem la Mano foram recebidas com grande entusiasmo pela crítica. O compositor Robert Schumann chegou a classificar Chopin como um novo gênio. Entretanto, ao mesmo tempo em que as coisas pareciam andar muito bem na vida de Frédéric, uma tragédia abalou sua família. Em 1827, a tuberculose levou sua irmã, Émile, e sua saúde começou a demonstrar sinais de fragilidade.
Em 1829, custeado por Nicolas, Chopin fez suas primeiras apresentações na Europa Ocidental. Seus recitais em Viena, embora tenham sofrido alterações de última hora, foram calorosamente recbidos pelo público.
O cenário musical de Varsóvia começava a se mostrar insuficiente para o compositor. Chopin procurava mais oportunidades, maior destaque, maior contato com outros nomes da música. Com esse desejo, mudou-se em definitivo para a Europa Ocidental e 1830. Viveu por um ano em Viena e, no ano seguinte, partiu para Paris.
A estadia de Chopin em Paris foi marcada por grande concertos e reuniões com músicos. Na França, tornou-se amigo de nomes como Mendelssohn, Berlioz e Bellini. Lá, também, começaram a agravar-se seus problemas pulmonares.
Em 1836, teve início um romance com a escritora Georg Sand (pseudônimo de Amandine-Aurore-Lucile Dupin). Em um inverno que passaram em Mallorca, na Espanha, Chopin foi obrigado a isolar-se por causa de suspeitas de tuberculose. Queixou-se muito do mau atendimento que sofreu na ilha espanhola. O relacionamento entre os dois durou até 1847, quando problemas familiares, já frequentes na relação entre os dois, puseram fim à convivencia.
Em 1848, Chopin apresentou-se pela última vez. Depois disso, os problemas de saúde o impediram de continuar trabalhando. Passou seus últimos meses em Paris, sob os cuidados de sua irmã, Ludwika Chopin. Sua morte, em 17 de outubro de 1849, foi atribuída à tuberculose. Estudos recentes apontam que a causa real teria sido um fibrose quística.
Chopin deixou um vasto e importantíssimo repertório pianístico, que inclui mais de duzentas peças, entre concertos para piano, scherzos, prelúdios, baladas, estudos, marurkas, valsas, noturnos, polonaises, sonatas. A presença de outros instrumentos é rara. Há uma famosíssima sonata para piano e cello, uma polonaise e dois concertos para piano e orquestra. Porém, tais concertos não apresentam o tradicional diálogo entre o solista e a orquestra, e sim longos solos de piano, interrompidas por pequenas participações do tutti. A obra de Chopin é, sem dúvidas, direcionada ao piano. Nele está todo o seu foco. De certa forma, pode-se dizer que a obra de Chopin tem, em sua maior parte, um caráter melancólico, o que pode ser atribuído a seus problemas de saúde, além dos problemas pessoais que o compositor enfrentou na Europa.
Trago aqui a última das quatro Baladas. As Baladas de Chopin são peças de um movimento apenas, escritas para piano solo. Foram compostas entre 1835, no período que o compositor passou com Sand entre França e Espanha. O termo "balada" é associado à influência que Chopin teve da poesia francesa do século XIX, uma vez que ele foi o compositor que a introduziu como forma musical. A quarta balada foi escrita em 1842, em Paris, e revisada em 1843. Dedicada à Baronesa de Rothschild, é frequentemente considerada a mais bela das quatro, e uma das mais belas obras de Frédéric. De acordo com Schumann, foi inspirada em um poema de Adam Mickiewicz, que narra a história de três irmãos, mandados a buscar riquezas pelo pai, e que retornam para casa com três noivas polonesas. Um pequeno primeiro tema é apresentado, logo ao início, em lá bemol maior. Pouco depois, após uma longa pausa, inica-se o tema principal,em fá menor, que será desenvolvido durante toda a balada. Inicialmente, é uma melodia simples, que passa por sucessivas progressões. À medida em que se desenvolve, novas vozes vão surgindo, dialogando com a primeira, e a música, inicialmente tomada por uma tranquilidade melancólica, vai tornando-se cada vez mais densa, até chegar a um novo tema, formado por acordes em fortissimo. Após uma breve respiração, Chopin volta ao tema principal, fazendo sobre ele variações rítmicas, e voltando com o original na primeira imitação. A balada encerra-se com uma coda virtuosística, típico de sua obra. Desta vez, explora acordes que se sucedem em uma escala cromática (semitom após semitom), uma das marcas da evolução da música no Romantismo.
A interpretação é do georgiano Nikita Magaloff.
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26 de janeiro de 2010
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Ah... histórias assim me fazem reconhecer minha mediocridade xD
ResponderExcluirsempre considerei esta balada como a melhor obra de chopin.
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