Por uma razão ou por outra, alguns bons compositores de algum tempo acabam caindo no esquecimento, deixando obras memoráveis mortas na memória do público.
Inaugurando as postagens da escola russa no blog, trago hoje uma sinfonia de Vasily Sergeyevich Kalinnikov. Certamente, um nome bastante desconhecido entre o grande público, assim como sua obra.
Kalinnikov não deixou um repertório muito vasto. Morreu jovem, dois dias antes de completar quarenta e cinco anos de idade. Deixou duas sinfonias, algumas - não muitas - peças orquestrais, baseadas na história e na cultura russa, um pequeno repertório para piano, canções, peças corais e uma ópera, incompleta.
Sua origem é humilde. O pai era policial, e não tinha condições de bancar seus estudos em Moscou. Mesmo assim, ganhou uma bolsa de estudos na cidade, onde aprendeu fagote e composição. Para se sustentar, tocava fagote, violino e tímpano em orquestras de teatro e trabalhava como copista.
Foi recomendado, por Tchaikovsky, a ser diretor do teatro Maly. Todavia, foi cedo atacado pela tuberculose. Teve, então, que renunciar ao cargo e mudar-se para a Criméia (pertencente, hoje, à Ucrânia), onde viveu até 1901, quando não resistiu à doença.
Temos, aqui, a Sinfonia nº 1, em sol menor, escrita entre 1894 e 1895. Esta sinfonia foi a responsável por uma relativa fama que o compositor alcançou. Foi uma das sinfonias mais executadas na primeira metade do século XX. Caiu no esquecimento na segunda. A regência é de Neeme Järvi, em frente à Royal Scottish National Orchestra.
Os temas do primeiro movimento são apresentados pelas cordas. Um primeiro, logo ao início do movimento (seguido de uma pequena progressão, mas bem diferente das típicas progressões do barroco e do classicismo, estamos nos fins do romantismo). Um segundo,lá pros 1'15'', que acompanha toda sua duração. Pode-se ouvir, também, no decorrer do movimento, um belo diálogo entre as cordas e as madeiras em alguns trechos. Entre cordas e metais em outros.
O segundo movimento, um Andante commodamente, transmite uma sensação de calma e paz de espírito. O tema que o oboé introduz, em 1'35'', inicia a construção de uma atmosfera de tensão, finalizada por uma belíssima conclusão dos violinos. Aos 3'46'', o mesmo acontece, com uma flauta. Desta vez, ela apresenta o tema, e as cordas o repetem e desenvolvem. As trompas finalizam o movimento.
As cordas graves anunciam o início do terceiro movimento, entoando uma frase robusta, respondida humildemente pelas madeiras. Tem início uma alegre dança. Mais uma vez, o oboé, aos 2'30'', inicia a construção da tensão, dialogando com a flauta e o clarinete, mas esta não dura muito, e o caráter alegre da dança das cordas retorna a aparecer.
Findo o Scherzo, somos brindados com uma melodia já familiar. O mesmo tema inicial das cordas do primeiro movimento abre o quarto e último. Este Finale mescla temas dos três movimentos que o precedem. Em todo o seu decorrer, apresenta melodias já vistas, com diferentes orquestrações e sequências. Até que, aos 5'38'', as cordas começam uma linha melódica totalmente diferente do que havia sido até então exposto, servindo de fundo para que os metais continuem a reexposição de temas anteriores. E é magnífico. Quase um ostinato, as cordas levam seu belo tema até, lentamente, chegar ao clímax da sinfonia e, depois de uma rápida conclusão,... a explosão final. Metais, tímpano, cordas, juntos, numa bela cadência. O resto é silêncio.
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3 de dezembro de 2009
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